quarta-feira, 6 de julho de 2011

Retiro

Hoje, em pleno frio da manhã, um velhinho me disse:
_Não desista dos teus sonhos, menino! Quando a gente desiste, começamos a deixar de existir.
Ele já me conhecia, não sei de onde. Antes de falar isso, me perguntou:
_E a tua banda?
Sim, eu tive uma banda de rock ha um curto tempo atrás. Me surpreendi com a pergunta.
_ Não tenho mais. -- disse eu.
_Mas porquê? -- ele questionou.
_Cada um foi pra um lado. Um casou, outro arrumou emprego que atrapalhou, etc. Mas o sonho continua! -- Tentei demonstrar algum otimismo.
Foi quando ele veio com o papo dos sonhos que eu citei no começo.
E é mesmo. O tempo passa rápido e a gente deixa ele agir enquanto ficamos parados. Correr atrás do que se quer precisa ser regra. Disposição!!!!! Talvez seja o que tá me faltando.


Hoje minha mente está fazendo um retiro. Uma introspecção da qual se poderá tirar mudanças para os próximos dias. Vivo em constante transformação. Minhas idéias não congelam no tempo. Ontem não jantei, talvez hoje não almoce. A noite caiu e eu não me animei. Eu estava bem até então. Sei em qual ponto a raiva age, sei exatamente e não gosto de sustentar certos sentimentos. Antes eu mantinha minha cabeça fria, desconhecia o stress, simplesmente eu não me incomodava com nada. Era admirável. Não quer dizer que não haviam problemas, mas eu sabia lidar com eles de forma totalmente despreocupada. Era um ato simples. As coisas mudaram e hoje um simples gesto me causa irritação. Vejo pessoas batendo com a cabeça contra muros e sou eu que sinto a dor. Não pode ser assim.


Não oprimo nada a ninguém. Respeito desejos e opiniões. Pra mim cada um define seus limites e assume o risco dos seus atos. Sou a favor de conselhos, jamais de opressão. Acho que quem oprime se faz egoísta, medroso e inseguro. O mundo é grande e todos tem o direito de sonhar, de almejar futuros diferentes e aventuras diversas, ou optar por uma vida tranquila numa casa distante das outras. Seja como for, cada um é dono de sua sentença, de seus conceitos, suas crenças e seus pontos de vista sobre qualquer coisa. Pessoas não são quadros que você pode moldar a seu gosto.


Minha falta de energia atual precisa ter um fim. Posso me deitar na cama e passar a vida inteira assistindo tv, ou posso levantar e fazer as coisas acontecerem. O vento pode danificar minha pele, o frio pode fazer eu quase congelar, posso estar a mercê de raios, de bandidos, de acidentes, de decepções. Coisas que eu não sentiria vendo tv. Mas ainda assim prefiro. Não adianta manter em cárcere privado algo que você gosta só para tê-lo por mais tempo. Dessa forma você não o mantém, mas sim o mata.


Uma estrada com vários caminhos. Um ponto único e a decisão de "pra onde seguir agora?"
Para termos certas coisas somos obrigados a abrir mãos de outras. A vida é assim. Para sermos o que queremos, temos que estar sempre optando entre isso ou aquilo. Assinala-se a resposta e pronto: você não pode voltar atrás. Seria legal se a vida fosse como um joguinho idiota de video game no qual você erra, morre, e pode voltar suas vidas e começar tudo de novo.


Busco novas formas de reagir a determinadas coisas. Talvez eu precisasse fazer iôga. Limpar a minha mente por alguns instantes de todas as coisas que têm nela, desde as boas idéias até os lixos imundos. Começo a me questionar sobre o que eu preciso mudar, sobre o que está bom e onde eu erro. Acho que estou sendo inconstante demais nos últimos dias. Hoje prosseguirei no meu retiro mental, buscarei entender melhor tais pontos. Todavia, disso tudo o que fica de melhor são as palavras do velhinho:



"_Não desista dos teus sonhos, menino! Quando a gente desiste, começamos a deixar de existir."

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