sexta-feira, 30 de dezembro de 2022

Véspera de ano novo...

Beije-me.. 

num ocidente além de nossas visões tão conturbadas

o tempo passou e levou algo consigo


numa estação que não aquela que tanto amamos

diferentes formas de ver a mesma coisa

sempre foram nosso desafio maior


beije-me...

na madrugada quente que demora a acabar

ou na parada de ônibus esperando a hora certa chegar

manda seu melhor amigo sair do banco da praça

para que possamos ficar a sós


beije-me,, 

no barco abandonado à meia noite

luzes de decoração que julgamos ser cafona

em cima do piano ou no teto espelhado do quarto

diante das mil almas presentes no cemitério

decifro em meu caderno um por um dos seus mistérios


Dance, dance.. 

depois da festa, sob o luar e som das ondas da praia

Faça sua mochila e vamos pegar o rumo das nuvens

Estrada afora, curvas e neblinas, gritos no túnel

rumo a uma cidadezinha qualquer com uma vista bonita


Tão pequeno quanto um grão de areia

que fica entre o farol e a trilha de pedras

Um momento para congelar e guardar dentro de uma caixa

para abrir anos depois numa tarde de primavera

Na qual contemplamos a vida, 

o som, os motivos pra sonhar.. 

Na minha mente, um desejo de ficar

na sua boca, hálito de hortelã


beije-me...

como se o ano fosse acabar amanhã... RR


quarta-feira, 9 de novembro de 2022

Filme: Minha Vida Em Marte...

 02h08min


Madrugada... já passou da hora e amanhã cedo devo estar de pé.. 

Acabei de assistir "Minha vida em Marte", um filme com Paulo Gustavo e Mônica Martelli. 

Muito divertido como é de se esperar com esses artistas, né.. 

Quando se assiste a um filme de Paulo Gustavo, custa a cair a ficha de que ele morreu. Automaticamente, faço o exercício de olhar pra vida e lembrar com tanta saudade de quem não está mais aqui, e que por vezes, também essa ficha parece não cair direito, independente de quanto tempo faça.

Ainda bem que tenho frequentes visitas em sonhos de pessoas que me foram tão essenciais desde sempre. Fica isso e as lembranças diversas dos momentos vividos juntos. Das emoções sentidas. Que falta que fazem. Que complexo essa coisa de vida e morte, lidar com a ausência definitiva de quem amamos e sempre tivemos por perto e, de repente, não tá mais aqui. 

Na maior parte de nossas vidas, não nos damos conta de que o tempo é uma ampulheta e que não sabemos quanto irá durar. 

Fica a saudade. RR


Fernanda (Monica Martelli) está casada com Tom (Marcos Palmeira), com quem tem uma filha de cinco anos, Joana (Marianna Santos). O casal está em meio ao desgaste causado pelo convívio por muitos anos, o que gera atritos constantes. Quem a ajuda a superar a crise é seu sócio Aníbal (Paulo Gustavo), parceiro inseparável durante a árdua jornada entre salvar o casamento ou pôr fim a ele.


quinta-feira, 27 de outubro de 2022

Atrás da cortina..

No outro lado, como em tantas vezes antes

Espelhos conversam comigo pela madrugada de vento

estradas do dia seguinte me levarão pra qualquer lugar

Sentir o bater de asas enquanto visualiza o horizonte

Pelo retrovisor do carro, memórias interessantes correm pelo asfalto


Em outro estado, como quis em outras vezes

Vermelhos dos rostos sorriem pra mim em pensamento

marcadas pro dia seguinte um encontro em outro lugar

Visitar sua casa enquanto se recupera de ontem

A pé ou de carro, destinos interessantes sempre estão pela frente


Deixando pra trás novamente, entrando e saindo de dores e amores

Experimenta doces licores num sofá aconchegante

está com o terapeuta conversando por horas e horas e horas

Sorri com o canto dos lábios e desvia o olhar

Diz que sonha em sair pra longe sem pensar em voltar


Sente o medo de morrer, que não tinha antes

Pensa duas vezes por que agora tem com quem se importar

dentro do peito carrega sentimentos ainda contraditórios

Voando com o vento, feito folha de uma árvore

Sem nexo nem motivo, sorrir ou chorar é só uma consequência

É como se eu estivesse vendo um reflexo de mim

Enquanto me escondo atrás da cortina


Conversando coisas que estão na minha cabeça

Precisa de uma adrenalina injetada na veia logo pela manhã

Sente que o tempo é precioso e a vida é uma só


Desculpe, mas.. acabou o tempo da sessão

Retorne aqui semana que vem e vamos continuar


Você está evoluindo.. acredite.. RR

sábado, 15 de outubro de 2022

Sempre é Hoje (Nenhum de Nós) Álbum 2015

 Vivendo um momento um tanto complexado.. Os dias têm sido estranhos ultimamente. Misto de pensamentos e baixa energia, e um sentimento de não estar chegando a lugar algum. Me sinto estático, inerte. Flutuando em banho maria numa panela de zona de conforto. Acho que, no fundo, no fundo, sinto o que preciso fazer, mas talvez me falte coragem, talvez me falte a certeza absoluta, talvez seja o excesso de comodismo tão alto quanto um muro que esteja me impedindo de conseguir atravessá-lo. Talvez seja o medo da incerteza de como irei me comportar depois disso. Receios de mim mesmo. Um certo pânico de assistir novamente um filme repetido, do qual o enredo não foi nada legal. 

*******

Na necessidade quase visceral de qualquer coisa que fosse nova, o acaso (ou o facebook) me levou a ouvir uma canção do Nenhum de Nós, VOCÊ VAI LEMBRAR DE MIM, uma clássica que eu adoro desde sempre. Foi o clique que precisava para decidir ouvir algo inédito, então aproveitei a vibe do Nenhum de Nós e escutei um cd de 2015, que nunca havia ouvido falar, intitulado "Sempre é Hoje".. 

Apreciei com atenção suas dez faixas. Gostei em especial da 3 (Foi Amor), 6 (Se você ficar um Pouco Mais), 9 (Amanhã) e 10 (Estela Oriente). 

Tenho a sensação de que Thedy Corrêa sempre transmite em suas letras cenários de complexos semelhantes ao qual me vejo atualmente. É interessante a sensação de enxergar a si mesmo em uma canção inédita. 

Qual vai ser o futuro imediato? Não sei.. mas o certo é que mais cedo ou mais tarde, vou precisar tomar novos rumos. 


quinta-feira, 6 de outubro de 2022

Ciclos...

Ciclos vêm e vão

realmente nada é permanente

E dentre tantos períodos transitórios

Resta saber apreciar o máximo possível de cada situação


Ninguém é exatamente o mesmo do que há um ano atrás

carga e sobre carga, buscas infinitas e sonhos distantes

Realizações e decepções.. o que fazer com elas?


Partidas e chegadas, recomeços, morte e vida

Dores e alívios, dias que começam e não terminam

O imprevisível.. aliado ou inimigo? Depende de você.. RR

quarta-feira, 14 de setembro de 2022

Mais um adeus...

 Nessa semana dei adeus a Gatunim.. minha amiguinha de praticamente 13 anos. 


Tratava um probleminha na orelha, estava quase curada.. mas infelizmente veio uma fraqueza repentina, aceitável pela idade, e em dois dias, ela se foi, dando o último suspiro com a minha mão fazendo carinho como em tantas vezes aconteceu nesses anos todos. 

Não voltei mais pra casa desde então. Preferi pegar a estrada e viajar antes de retornar ao lar, que agora fica um pouquinho mais sem vida com a permanente ausência dela. 

Inteligente e perspicaz, sabia muito bem de muitas coisas. 

Vai ser estranho chegar em casa e não ter mais a recepção dela. Vou sentir falta até das nossas brigas, que também não foram poucas - Risos - .. da procura incessante pelos lugares mais confortáveis da casa, explorando cadeiras e poltronas. A forma como preferia se alimentar, beliscando aos pouquinhos o pote de ração. A companhia nas madrugadas ouvindo programa de rádio, sentada próximo de mim.  A cumplicidade com que nos entendíamos tão bem. 

Ela que sempre foi livre.. portanto o que fica é minha gratidão por ela ter escolhido ficar comigo durante toda a vida dela. 

Pela primeira vez, vou realmente morar sozinho a partir de agora.. RR


quinta-feira, 26 de maio de 2022

Clube da Alienação...

 Repousando no quarto de cortinas brancas

Não sei em que mês estamos

Por um buraco na janela, vejo que é lua cheia

Tudo começou a ficar calmo demais

Depois que me internaram na fazenda 


_Vai ser só por um período.. - Me diziam


Mas ninguém falava o quanto

Se tentava reagir, doses na minha veia faziam-me apagar

Vagando pelos corredores de uma prisão domiciliar

Vejo alguns cantos sem vida 

Fila pro café da manhã

Todos os dias, um igual ao outro

como casas populares construídas pelo governo

Ontem chegou outro enfermo

Ficará em estado de observação 

Bem vindo ao clube da Alienação


Mentes inertes trabalhando em conjunto

Lembranças se misturam a invenções em delírios

Não sei quando é sonho ou quando estou acordado

Não existe bagunça, quando não há nada para arrumar

O passado não passa de um esquecimento

Rodeado por muros de puro cimento

Tudo começou a ficar calmo demais

depois que me internaram na fazenda


Rastros de quem fui surgem em minha mente 

quando acordo no meio da madrugada 

e nenhum dos enfermeiros está por perto


Há um discurso em minha cabeça

Que tenta me convencer a fugir logo daqui

Não tenho mais a juventude a meu favor

Que possa justificar uma ou outra estupidez


Fios sem energia não vão me eletrocutar

Quero outra música para compor

Mesmo que ninguém possa escutar


Travo uma guerra silenciosa

Complexa e cheia de suspense

Tiros, bombas e aflição

De pensar que o tempo escorre pelas mãos

Depois que me internaram na fazenda.. RR

quarta-feira, 20 de abril de 2022

Vagalume...

 Fumaça e luzes piscantes enevoam por aqui

escrevi uma canção de ideias malucas há um tempo atrás

Por si só diz tudo que precisa dizer

Ela diz que no fim das contas tudo sempre fica bem

E não importa as curvas e delineações que trouxeram-nos aqui


Bebe meu vinho e reluz na escuridão

Brilha como vagalume 

faz morada no meu prédio

E vem me visitar no quinto andar

Numa hora um tanto imprópria

e sem nem me avisar que vai chegar


Querendo dupla chance de fazer e acontecer

Como quem decide simplesmente inovar

Cura meus complexos e diz que ser livre é a melhor escolha sempre


Horizonte de cores alegres nos permitem projetar o futuro

Pra qualquer lugar que seja longe da cidade

Pra onde se pense com outra mentalidade

Quem sabe o que pode acontecer se apenas deixarmos rolar?


Pega a estrada numa tarde ensolarada

Algumas roupas e tanque cheio

Coração acelerado

Deixa eu te contar que já fiz isso...


Você pode mesmo viver numa mentira 

iludindo a si mesma pra fingir que é feliz

Ou então meta o pé nessa porta e fuja já daí

Vem ver o que o inesperado tem pra te oferecer


Fuja e siga o sol

Fuja e siga o sol

Ele vai nascer amanhã uma vez mais

E por si só, diz tudo que precisa dizer


Diz que no fim das contas, tudo sempre fica bem... RR





 

domingo, 27 de fevereiro de 2022

Páginas Coloridas...

Você parece legal

Parece que já te conheço..

Duas ou três doses a mais

Mundo sem paz

Dê-me um remédio, sofro de um tédio

Renasce outra flor em meu jardim

A mesma que matei ontem à noite


Tenho vertigens antes de dormir

Realmente não sei direito o que faço aqui

Parece tão claro, por vezes nem tanto

Quem não me deixa ir, sou eu mesmo


Vida sem arrependimentos

Sinto que devo ir pra lá

Lado da ponte que mais reluz

Língua estranha que não se traduz


Perseguições dentro da minha cabeça

Posso recuperar o controle

ou perdê-lo de uma vez por todas


Sinto que devo ir.. 

Posso sentir que devo ir..


Não faça de mim uma de suas páginas coloridas

pílulas pra dormir não vão me seduzir

Satisfação é uma via de mão dupla

E sonhos encantados já não duram uma noite inteira


Sim, você parece legal... RR





terça-feira, 15 de fevereiro de 2022

Futuro de uma década atrás...

Provou o pedaço proibido de algo que sabia que era bom

Cantou em outro tom a música ao pé do ouvido

no quarto de um velho hotel caindo aos pedaços

não era novembro, nem sequer uma noite de chuva

Velas acesas, sem mesa, só paredes

Uma cama desarrumada 

Outra praia pra visitar

oito vezes dentro da tarde

Ninguém mais além de nós

Uma década atrás


E um futuro completamente desconhecido 

aguardando no lado de fora

Esse instante,  sem vontade de ir embora

Mas logo vai amanhecer...


Desafios

Personalidade forte

Auto estrada

Policial zangado

Luzes verdes

Garrafa de vinho quebrada

Os últimos a sair 


Quando o ônibus chegar 

e me encontra esperando

Uma vez mais no mesmo lugar


Lua cheia em cima do morro

Fotografias de um profissional

Cabaré de domingo a noite

Pedidos ao céu estrelado 

Perdidos em uma outra cidade

Banho de mar sem roupa no temporal

Brigas no meio do carnaval


Incompreensão, separação

Arruma as malas e se casa em São Francisco

Não mais insisto

Nem me permito achar de mal gosto

Um dia qualquer, no mês de agosto

Sei que tudo pode mudar

Uma década atrás...


Num futuro completamente desconhecido

agora estamos no lado de fora

Bem distantes, vendo o mesmo sol indo embora

Pois logo vai anoitecer... RR

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2022

Paranoico...

 Observe, mas não toque

Existe algo  aí dentro que ainda não foi explorado

Maravilhas ao pôr do sol

Tudo anda tão complicado


Me manipule novamente

Me busque num dia de primavera

Me leve para o inferno

Destrua, reconstrua, me negocie, me dê outra pílula 


Acho que estou paranoico...


Baby, reveja suas intenções

O mundo está depressivo

Ainda nos resta alguma alegria

Árvores inteiras para riscar sob as nuvens

Vai anoitecer em seguida

E tudo sempre brilha no final


Diminua minhas chances

Me exclua da sua agenda

Me procure nas ruas da cidade

Pegue-me pela mão e depois me abandone

Inale o que quiser, invada onde for

Mas me leve junto com você


Por entre todas as novidades que encontrar

Me desespere em um beco sem saída

Desperte meus demônios

E me prenda em seus encantos

Sou poeira pelos cantos


Entro e saio de você

Pinta meu rosto numa folha

Revelação de um dia de sorte

História de amanhã

Num banco de uma praça de uma outra estação


Me engula, me subestime, me coloque num helicóptero

Faça de mim um escravo, me misture, me instigue

Escreva sobre mim

Uma história sem um fim..


Acho que estou paranoico...  RR