...Há alguns dias atrás...
Cidade às escuras..
Comigo, só a luz do note enquanto durar sua bateria, e uma lanterna fraca, que já está quase se entregando.
Cães latem ao fundo. Estou na porta de casa. Gatunim me faz companhia. Despertou há pouco do seu cochilo sagrado.
Um Temporal rápido assolou a cidade há mais ou menos duas horas. Sem energia elétrica desde então.
Faz calor e dentro de casa estava quente demais. O ar da rua está perfeito. Ar da praia.
Praia, praia..
Que desde que tinha 3 anos de idade.. dizia pras pessoas que "ela na paia que quelo molá".. hahaha - E assim foi.. acho isso muito interessante.
Numa falta de luz como essa, o tempo se estende.. os pensamentos vagam livres e sem pressa.. perambulando lá e cá pela mente acesa. Pode ir pra qualquer lugar e é legal deixá-los livres.
Estava na dúvida entre sair a andar pela praia e fazer a velha e boa caminhada noturna. Agora são 23h30min.. mas ando numa disputa interna de energia que vem me faltando nas últimas semanas. Sinto que esse dilema é antigo. Sempre na pauta. Decidi ficar por aqui.
Tenho medo de ficar gordo. Então disposição é necessária para que eu me movimente. Estou tentando corrigir isso.
No mais.. o começo de 2021 tem sido legal.. planos e projetos moram na minha cabeça e eu sei exatamente o que tenho que fazer para concluí-los com sucesso. E o primeiro dos passos é não ter pressa. Não querer atropelar nada e evitar a todo custo o desejo de acelerar os resultados. Crime que cometi com êxito em 2020 e que me custou muito caro. Erros pra não repetir, afinal, penso que sou inteligente, ora bolas.
Se eu vagar por brechas do passado, percebo que não sinto quase nenhuma saudade.. embora deguste da maioria das lembranças com um sorriso no rosto. Gosto de valorizar o que se passou, mas tão importante quanto isso é estar atento ao que se vive agora.. e ao que de novo bate à porta. Às ruas inéditas que se pode descobrir. Além dos becos escuros, tão velhos conhecidos, que volta e meia sinto necessidade de por eles trafegar. Aventura. O que será que me instiga? - me perguntei um dia desses ao fazer algumas análises de certos acontecimentos que rolaram em dezembro.
A madrugada, a mendigagem da cidade grande, talvez a sensação de perigo. Por que será me sinto tão em casa quando na rua, nessas ocasiões? De preferência sozinho, a mercê de pessoas estranhas. Onde também sou mais um estranho. Tirar algo das profundezas sombrias que poderia significar apenas um emaranhado de medos e tragédias. Isso também não é nenhum fato novo, mas me é motivo de curiosidade tentar entender meus gatilhos tão singulares. Não tenho respostas para tais questões. Não sei também até que ponto o possível fato de um dia conseguir decifrá-las pode, quem sabe, estremecer o encanto que isso me traz.. me deixando mais adulto, careta, sem graça pra mim mesmo. Quem garante que a falta de dilemas é algo tão saudável quando parece, para que vivamos a desvendá-los?
Me veio na cabeça um trecho da canção da banda Cartolas, chamada Preto e Branco - "A vida é tão depressa, que viver de saudade e fé.. é tiro no pé..."
Cartolas... lembro como os conheci com o devido interesse.. Hesitei por um tempo até que meus ouvidos se atentassem. Era carnaval quando passei a tarde inteira ouvindo por completo, pela primeira vez, diversas canções de dois cds. -Partido Em Franja- logo tornara-se a minha favorita e fiz questão de aprendê-la para ainda naquela noite, executá-la numa performance festiva regada à vinho tinto e boas energias. Foi meu melhor carnaval.
"A gente faz nosso carnaval..." - Santa Sampa - Banda: Vespas Mandarinas. - Se encaixava perfeitamente praquela ocasião.
Aliás, falando em carnaval.. algumas datas sempre foram um complicador pra mim.. algo que venho superando ano após ano. Principalmente Carnaval, natal e ano novo. Sempre foram datas em que me pego mais introspectivo e tudo o que quero é que passem logo assim que se aproximam. Lembro que as viradas de ano eram uma tortura. Não a virada em si, mas as horas que as antecediam. Quantas e quantas vezes me pegava em momentos de lamentação infinita.. porém durava até uns 20 minutos antes da 0h.. ai decidia meu destino próximo e ia e tudo ficava bem... dia seguinte, novo ano, nova página. Já o Natal perdia o brilho a cada ano que passava e que mais diminuía a presença de pessoas amadas em torno da mesa. Perdas irreparáveis que a vida nos dá.. e os lugares vão ficando vazios.. saudosos.. tristes. - Uma lágrima cai agora - saudade...
E enfim o carnaval.. talvez a mais tortuosa das datas por ter uma duração de dias ao invés de horas. E eu sempre achei os festejos de carnaval uma futilidade sem tamanho. Nunca aproveitei um período de carnaval pra fazer uma putaria gigantesca.. uma orgia violenta.. nada disso... simplesmente não entrava no clima carnavalesco. Não gosto mesmo. Que coisa, né! Já me forcei a participar algumas vezes.. já foi "legalzinho" e já foi péssimo. Tanto que o único que me trás alegria repleta é esse tal do Cartolas que eu fiz à minha maneira e saiu de um modo perfeito. Mas aí já são outros 500 né. Nem deveria contar, na real, mas eu considero como o meu carnaval favorito.
Olho pra trás e a escuridão da cidade parece ter ficado maior ainda. Já se passa da meia noite.
E penso que essa escrita deve ficar por aqui... com o desejo de que o futuro seja esplêndido e que tudo continue sempre dando certo.. afinal.. como eu sempre digo, minha estrela brilhante é poderosa e tá sempre na ativa. Brilho de quem tenta ver uma oportunidade em qualquer situação que se apresente!!!
Seguimos... Boas vibes.. RR
