sexta-feira, 29 de julho de 2011

Cobras

Cuidado!

Rasteiras prontas para serem dadas

Inveja saltando dos olhos

Vontade de maldade escancarada nas caras


Eu to aqui pra derrubar

Ta ruim, eu quero sair

To me sentindo incriminado

Mas não fiz nada

Sou inocente, eu juro que sou inocente


Não quero mais nem saber

Não tenho nada a perder

Você pensa que eu tenho muitas coisas

Mas o mais valioso está aqui dentro

Ninguém moldará meu pensamento


Dizem que sou teimoso

Eu quero que todos vocês se fodam

Um a um, um por um, um com o outro

Ao poucos

Se matem afogados em ignorância


Eu estou pronto para vocês

de braços abertos e pouca roupa

Já não me importo se ta frio ou não

Nem me preocupa se há solução


Entrei na guerra e to pronto para atirar

Não uso coletes à prova de balas

Meu escudo é minha vontade de andar

Estou por aqui encontrando um caminho

que ainda não existe, mas eu o faço


Vou mandar você sair da minha frente

se tiver mais um de seus enfartes

Vou injetar a seringa de veneno

Fantasiado de remédio

Para tomar de quatro em quatro horas

Pra ficar andando reto

Pensando errado


Cuidado!

Acabaram de te chutar o trazeiro

Eu vi e fui eu quem o fez primeiro

Te defendi

Mas agora te jogo aos leões

Tão famintos quanto eu estive um dia

tão magros quanto eu ainda estarei

Presos em grades, necessitados de uma nova alimentação


Eu vou gritar

mesmo sabendo que lá fora ninguém ouvirá

Estão todos nos seus mundos

Com fones de ouvido enfiados

São todos enganados, pirados

caretas, doentes, burros

Eu sou mais um deles

Eu estou atolado, engasgado

Cansado disso tudo

Eu posso seguir por outro rumo?


Sinto me informar

Que estou longe demais

E ainda por cima atrasado


Eu não odeio vocês

Mas eu gostaria que sofressem

Mortes vagarosas

Tendo membros cortados

Terminando jogados


Sem espaço

Sem tempo

Passagem comprada para o inferno

De volta para o Inverno

Que me congela por dentro

Me dê motivos para gostar disso tudo

Você consegue?


Vivo nesse mundo

Mas não compactuo com certas coisas

Estou aqui de ouvidos abertos

Mas já foi tanta merda

Eu to ficando realmente exausto

E se eu jogar tudo pro alto

Se eu cuspir e escarrar

Quem sabe se eu vomitar em cada rosto

Que já estão todos sujos, sem excessão

Quem sabe ai entendam

Por que eu preciso sair

Por que eu preciso voltar


Para a minha solitária

Para a reclusão total

A minha febém

Que não me tem de refém


Eu andei pelos corredores

Faltou luz e mesmo assim eu fui

Não quero saber de notícias dos jornais

Não me interessam histórias de amor

Eu to com sede de sangue quente

E pode muito bem ser o seu


Não se defenda de mim

Nem perca tempo me atacando

na verdade,

eu não te dou motivos

E você não está tendo razão


Não anda por cima nessa estrada

Era sua última opção

E você errou!


Me prenderam com algemas

Me deram soco nas costas

Depois que viram minhas mãos manchadas

Mas mesmo que a faca estivesse em minha posse

Ainda assim preciso que acredite


Que eu sou inocente

Eu juro que sou inocente


Era só pra ser uma noite tranquila

Mas falaram coisas que não deviam nem pensar

E por azar foi eu que ouvi


Não liguem para meus familiares

Nem percam tempo comigo

Tem mais coisa que podem fazer

Mais gente a quem invejar

Continuem exatamente assim

Podem acreditar que um dia eu esqueço

Pensam que acabou pra mim

Mas eu estou só no começo...


Apenas no começo... RR


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