terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Saudosismo...

Agora são 02h39min... madrugada animada para mim, que estou podendo colocar algumas pequenas coisas nos eixos. Vivo um momento atordoado em que tudo resolve estragar ao mesmo tempo. E uma coisa consertada já é um pouco de alívio que sinto. Vivo num turbilhão tão freqüente que quando a tranquilidade enfim reinar, acho que serei capaz de estranhá-la.

Hoje eu gostaria de falar sobre saudosismo. Tive conversas legais sobre isso e gostaria de colocar aqui. Mas não sei se o sono não vai me dominar...Bom vamos ver...em todo o caso se eu não conseguir...fica desde já a Frase do dia registrada:::

Jamais se distancie de seus familiares, além de serem sempre seu porto, um dia não estarão mais à sua disposição, pois o tempo age!!! RR"


No caminho do trabalho para casa, depois de um dia bem cheinho de atribulações, me deparava com pensamentos referentes ao tempo e em como ele passa rápido. Vi alguns moleques de 17, 18 anos. E percebi que faz pouco tempo que eu estava nessa fase. Eles atiravam pedras um no outro, mantendo uma distância considerável onde, em dado momento, acabou sendo meu caminho, atrapalhando assim, a guerrinha amistosa que era só uma brincadeira. Lembro que eu cansei de fazer isso. Também gostava de me reunir com a galera a noitinha e ficar jogando pedras nos postes de luz, pra ver quem acertava a lâmpada. Raras vezes conseguíamos. Hoje vejo como éramos péssimos de mira. As idiotisses e as gargalhadas por pouca coisa. Os cotentamentos com simplicidades imensas. O sonhar com o mundo lá fora, com cidades e paisagens, com a aventura inesquecível, com o amor impossível. E o tempo se encarrega de nos fazer escrever nossa história, seguindo ou não os sonhos e objetivos da adolescência. Às vezes sei que me comporto como criança e sou chamado constantemente de infantil por pessoas que convivem comigo. E sempre sustentei que isso não me incomoda. A gente cresce, sim, mas a mente não precisa envelhecer. Quando criança sempre achava a vida adulta um saco. E sempre dizia que eu seria diferente. Hoje olho pra mim e não sei responder se alcancei esse objetivo. Acho que provavelmente não, pois nesse caso não haveria dúvida. Nos domingos a rua principal da cidade é tomada por crianças idiotas que eu sinceramente acho que deveriam estar nas suas casas dormindo. A liberdade hoje em dia é vasta demais. Não sei até onde isso é bom. Enfim, seguia eu o meu trajeto rumo ao lar, quando passei pela frente da casa da minha avó, a qual estava sentada com uma tia minha na varanda. Passei e cumprimentei com um aceno. Alguns passos depois e eu me questiono "Por que um aceno ao invés de um beijo e um abraço apertado?". Voltei...

Dados os beijos e abraços, me sentei um pouco e começamos a papear, vó, tia Nira e eu. Elas costumam sempre falar em acidentes e tragédias, e se eu deixasse a conversa fluir sem intervir, seria por esse rumo. Mas o assunto foi ficando bom à medida que comentei sobre meus pensamentos recentes na caminhada que fizera eu até ali. E ai a gente falou sobre como as coisas são e como eram. Falamos sobre educação, filhos, irresponsabilidades. Viajamos no tempo e nos encontramos em nossas fases de adolescência, infância. "Parece que foi ontem", dizia tia Nira.

Pois é, sempre é essa a impressão. Como parece que foi ontem que eu tinha 18 e atirava pedras nos postes, atravessava o cemitério de madrugada com meus amigos, apenas para provar da sensação de estar ali dentro num horário tão impróprio e suspeito. Das caminhadas de 6 km até a praia, regadas à música, bebidas, bate papos e muita risada. Chegáva-mos lá e íamos para a casinha dos salva-vidas. Fazíamos um lanche com bolachinhas enquanto tomávamos fôlego para o caminho de volta. Quanto assunto debatido.

Tia Nira lembrava das brincadeiras do tempo dela, em que morava no interior. Dos caminhõezinhos feitos de areia. Da falta de coragem em pedir ao Vô que a deixasse ir ao baile, que acontecia uma vez por mês. Do nada a fazer, e ao mesmo tempo da diversão de coisas simples que ela e os irmãos inventavam. Da inocência das crianças que naquela época brincavam entre meninos e meninas, sem que houvesse maldade nas cabeças, como são as mentes poluídas de hoje em dia. "Como era bom!", dizia tia Nira.

Minha Vó se recordava das pernas enfiadas na areia, como se fosse um feitio de forno. Até que tapasse tudo e ficasse bem quente. De como era dificil aquele tempo, pelas dificuldades de acesso à cidade, pelo lugar distante que era e que não oferecia muita coisa. Lembrou da falta de diálogo que existia entre pais e filhos, mas que havia um respeito enorme, onde um olhar dizia tudo.

E assim a gente foi e voltou até os dias de hoje, onde crianças de 12, 13 anos estão fazendo filhos. Meninas que não sabem nem limpar a própria bunda tendo que trocar fralda de filho. Moleques sem um grão de cérebro que dão uma, engravidam e menina e não estão nem ai. Chegou-se a conclusão de que é muito mais difícil educar hoje, na era das coisas fáceis e rápidas, do que naquele tempo de coisas difíceis e lentas. Com pais cada vez mais jovens, pouco sabem da vida para educar os seus filhos. Buscamos as respostas de porque se chegou a esse ponto. Por quê tantas facilidades acabaram por dificultar e piorar tudo? Será que naquele tempo a falta de televisão, de internet, de joguinhos virtuais, de tanta informação não era uma ponte segura na qual se atravessava com mais tranquilidade? Parece que as pessoas não sabem lidar com tanta coisa acontecendo ao mesmo tempo. Fica tudo bagunçado.

Depois a gente desvirtuou para outros assuntos e outras prosas. Mas valeu. É sempre bom estar junto às nossos avós, tias e tios. São nosso sangue, nossos laços, nossa história. Na história de tantos saudosismos... acho que da pra terminar novamente com aquela frase lá de cima, né...já que o relógio já marca 03h37min e eu preciso dormir...

"Jamais se distancie de seus familiares, além de serem sempre seu porto, um dia não estarão mais à sua disposição, pois o tempo age!!! RR"

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