terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Tudo por causa do chá!

Estou a cada dia que passa me acostumando a enfrentar meus defeitos. Estou me deparando com eles a cada fração de hora. Minha mente articulosa entra em paranóia e acaba por espancar meu coração arredio que também não deixa de ser teimoso naquilo que quer, e luta até o fim. Meu órgão sexual assisti a tudo e ele não tem tido espaço no meio dos debates de minhas partes, que estão ficando restritos aos dois elos que acabo de citar. Por conta disso, às vezes meu peito acelera e minha cabeça dói e vice-versa também acontece quando meu peito dói e minha cabeça acelera. Os dias passam e eu vou me virando. Isso torna-se assustador quando chegam as sextas e sábados. Minhas atitudes comigo mesmo são incrivelmente subornadas por mim e eu não sei o que esperar do meu pensamento. Imaginativo ele tende pro lado que mais pode me aterrorizar. Enquanto surta, aguarda um sinal que me acalme e que faça eu repousar um pouco. Enfim, um tantinho de paz. Até que um tiro silencioso me disnorteia e eu fico surdo, cego e quase mudo. Balbulcio coisas insignificantes para as paredes. Relato tragédias que na verdade não estão acontecendo e eu fico nesse castigo até que o sinal se repita e as cenas se completam sempre com o mesmo desfecho. Meu espírito é quem mais sofre com isso. Se eu usasse drogas estaria perfeitamente explicado. Mas minha dependência é outra. Tão viciante quanto. Depois do chá tomado e o saquinho mergulhado na caneca, a fumacinha que chega ao nariz é imensamente prazerosa e o seu gosto marcante me faz querer de novo mais e mais, e se a caixinha não está perto eu fico assim. Não preciso vender as coisas de dentro de casa, porque dinheiro não é a questão. No inverno passado me entorpeci dessas doses e acabei ficando completamente viciado. Não há terapias nem grupos de ajuda. A solução que vejo é esperar até que eu possa repetir o ritual e quem sabe torná-lo diário. Mas até isso acontecer eu busco no meu tempo vago de paz, aquele tantinho de momento a que me referia, minutos de reflexão que me levem até a conclusão sobre como acalmar e achar um acordo entre minhas partes que estão se opondo uma à outra. Sem razão as duas me fazem crer que querem o mesmo, mas por que brigam e parecem se odiar tanto? Pelo que entendo estão divergindo sobre os caminhos de chegar ao mesmo destino. E meus colapsos se repetem. Ora mais intensos, ora menos. E ai eu acabo aproveitando muito pouco daquilo que sempre valorizei. Porque tudo em mim está compenetrado nessa guerra particular absurda que travo com minhas próprias emoções. Sou um alvo de mim mesmo sendo perseguido com balas de qualquer coisa que não mata, mas machuca. Estou preso num círculo procurando a saída. Quando durmo, por vezes consigo encontrar, mas na maioria é difícil conseguir até dormir. A fogueira vai crescendo e eu to descalço nela, meus pés ardem e eu começo a me deteriorar. Que venha a enchente de boas maneiras e atos que me dissolvam disso tudo, me fazendo retornar a ser alguém menos problemático pra mim e para os outros.
Enquanto isso o mundo vai girando e as mudanças vão ocorrendo ao meu redor. E eu vou dando conta conforme posso. Pois não consigo estar totalmente entregue e coisas que deveriam levar um dia pra ficar prontas se arrastam por semanas. Mas nem a lerdez vai me afetando. Não é ela que me sufoca. Só atrapalha. Com o calor meu ânimo se abala. E eu não o acho. E tudo isso girando em torno daquele chazinho lá do meio do texto. Ele é a chave e tudo. É este o tesouro do qual eu tenho o mapa e estou enlouquecido à procura. O final feliz parece se aproximar a cada dia e creio que seja a espectativa dele a razão pra toda essa minha psicose momentânea. Ahaamm. Acho que estou chegando às respostas. No meio dessa imensa reflexão absurda estou conseguindo me encontrar. Mas preciso do manual de instruções sobre o que fazer, eu deixei esquecido numa gaveta qualquer e nem sequer o li uma vez para que pudesse forçar a me lembrar de algum trecho. Acordo e prossigo no improviso. De tanta coisa maluca acontecendo, ao menos nada mais me surpreende muito. Cheguei num ponto onde tudo é manuscrito. Vai ficando gravado. Gostaria até de um memorial. Um dia talvez eu dê risada disso tudo. Me perguntarei como fui capaz e quem sabe até me orgulhe. É...estranha minha cabeça... ela me leva à caminhos que eu não iria por conta própria. Cheio de bequinhos. Ruelas com pouca luz e algum mistério. Neles me perco porque sempre tive a alma curiosa e investigativa, ela encontra pistas transparentes e eu as sigo e é aí que minha imaginação salta criando o terror por trás do crime que na verdade não foi cometido. Ou ao menos é nisso que eu ainda acredito. Sem voz de prisão não há constatação. Sem mãos pro alto não há revista. E isso torna-se instigante.
Acho que devo parar por aqui, já tá chegando a hora de eu ir ali na cozinha tomar um chá...pena que só tenha o de canela... até mais...RR

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