terça-feira, 22 de novembro de 2011

GN'R Capítulo 2: Garotos Bonzinhos Não Tocam Rock-N'-Roll

“Vocês queriam o melhor! Bom, eles não conseguiram...Então é isso que vocês vão ter! De Hollywood, Guns...And...Roses!” – Introdução do álbum Live Era ’87-‘93


Guns N’ Roses foram a primeira banda, além talvez de Mötley Crüe, que falou de verdade a língua do rock-n’-roll que muitos fingiam cantar e diziam viver na época do glam rock dos anos 1980. Outras bandas tinham letras completamente vazias, imagens ridículas e raramente duravam mais de dois álbuns. Olhando agora para as bandas daquela época é talvez com grande alívio que podemos dizer que mais ou menos 80% delas acabaram e vivem muito bem na pasta dos “onde estão agora?”.


As maiores bandas daquela década, como o Guns N’ Roses, Mötley Crüe e Poison, continuam na ativa de um modo ou de outro, o que confirma não só sua longevidade como algo semelhante a um milagre. Ainda há público para esse tipo de música; é ainda mais underground do que já foi um dia. Mas, ao contrário dos outros, o Guns não se enquadrava no molde glam. A única definição mais próxima era com certeza rock-n’-roll. E por mais que muitas glam da época adorassem ser roqueiras de verdade, a verdade é que sempre faltava algo neles. Eles podiam ter a atitude, mas as músicas eram abaixo do padrão e a imagem quase sempre era uma mercadoria. Onde estavam eles sem a maquiagem e as mulheres penduradas no pescoço enquanto viravam uma dose de Jack Daniels com Coca?


Com a música colocada em seu contexto, os companheiros de época do Guns não passavam de competidores. Em 2001, refletindo sobre o legado do Guns, Slash comentou: “Vi um pedaço de um especial na VH1 uma noite dessas. Era sobre bandas de cabeludos dos anos 1980. Eu só dei risada. A gente não era em nada parte dessa cena. Éramos uma banda que não se parecia com nada dos anos 80, não havia nenhuma banda como a nossa. Acho que foi isso que nos tornou tão populares. Batemos numa tecla que ninguém mais estava batendo. Os anos 80 vieram e foram embora e nós estávamos fora dessas tendências. Nunca me importou, nem a nenhum dos caras da banda, o que as outras pessoas estavam fazendo. Nós só ouvíamos a música. A gente nunca quis estar num concurso de popularidade com ninguém. Só fazíamos bem o que nos propúnhamos a fazer. Não tem nada a ver com competição nenhuma.”


Ironicamente, foi exatamente a falta de ego que fez com que eles alcançassem a altura que outras bandas tentavam tanto conseguir. O Mötley Crüe falava sobre a decadência e eles adicionavam isso, além do seu estilo rock-n’-roll; era como um estio de vida. Mas a preocupação com a música em si foi algo que eles tiraram do Guns. O Crüe não tinha um Axl nem um Slash. A pegada era algo mais sobre quatro caras tocando juntos, como uma unidade, e eles produziram seus melhores álbuns quando trabalharam em conjunto. O Guns, por outro lado, fazia mágica com as pontas dos dedos de um só integrante. Como ficou evidenciado no primeiro álbum do Mötley sem Vince Neil, a química do grupo era sustentada pela união dos quatro integrantes. O Guns podia fazer excelentes músicas confiando completamente em Izzy ou Duff nos vocais. Até quando a banda começou a se dissolver e os integrantes foram mandados embora ficando só o Axl, a química continuava lá.


Simplesmente o Guns N’ Roses foram e ainda são um enigma e, sozinhos, mudaram a cara do rock no seu período mais ativo, entre 1987 e 1992. De onde eles surgiram e como eles chegaram onde estão são questões tão relevantes para a situação atual quanto as recentes notícias sobre a cor e comprimento do cabelo de Axl. E é por isso que devemos começar pelo início de tudo.

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