Leve-me, leve-me onde o Diabo está
Preciso me esconder
Fico bem de preto em meio às névoas
Deitado na cama de fogo
Senti esquentar uma parte de mim
Era falta de medo, me diziam
Aqui não tem muita coisa pra fazer
E enfim eu vou poder descansar
Cante-me, cante-me para me elevar
Entrei numa casa que não era a minha
Portas em chamas e vidros quebrados
Estava marcado o dia do julgamento
Tantos conselhos desprezados
_Você escolheu não crescer - me diziam
Aqui não tem muita coisa pra fazer
E enfim eu vou poder descansar
Castigo novo pela manhã seguinte
Fardos para carregar tornaram-se espinhos a apertar
Lúcifer é temido por aqui
Em noites trepidantes sem muita luz
Era temporal na escuridão
Venha até mim
Com uma cabeça estranha numa bandeja vermelha
Eu não seguia muitas ordens na vida passada
onde estou? Onde estou?
Leve-me, leve-me onde o Diabo não está
Talvez eu tenha me precipitado
Joelhos sangrando de tanto orar
Cruz de madeira enterrada no altar
Procissão de fanáticos se aproxima
o mundo está louco
Não estou mudo, só rouco
Salta minha veia quando tiro meu braço
Desconexo, desencaixo,
Arraste-me mais pra baixo
Sem sequer anestesia
Não tem nada de bom pra festejarmos por aqui
Parece familiar, não parece?
Olhares dilacerados, pupilas dilatadas
Traga o chicote
Pois a noite sem fim irá começar
Mais gente está pra chegar
Convites em bonitos cartazes luminosos
Tão ludibriantes quanto belas dançarinas
Que cobram caro pela pernoite
São tão sem sentimentos
Fecho meus olhos pra poder escutar
onde estou? Onde estou?
Leve-me, leve-me onde o Diabo fez morada
Preciso construir uma nova casa
E acho que sei como começar
Quebrar com martelo meu baú de memórias
E jogá-lo às larvas de um vulcão
Antes de dar o último sinal cardíaco
Falhas são tão normais
Era pra ser um ambiente festivo
Com balões e belas garotas livres
Licores coloridos e alguma satisfação
Foi só diversão... RR
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