Repousando no quarto de cortinas brancas
Não sei em que mês estamos
Por um buraco na janela, vejo que é lua cheia
Tudo começou a ficar calmo demais
Depois que me internaram na fazenda
_Vai ser só por um período.. - Me diziam
Mas ninguém falava o quanto
Se tentava reagir, doses na minha veia faziam-me apagar
Vagando pelos corredores de uma prisão domiciliar
Vejo alguns cantos sem vida
Fila pro café da manhã
Todos os dias, um igual ao outro
como casas populares construídas pelo governo
Ontem chegou outro enfermo
Ficará em estado de observação
Bem vindo ao clube da Alienação
Mentes inertes trabalhando em conjunto
Lembranças se misturam a invenções em delírios
Não sei quando é sonho ou quando estou acordado
Não existe bagunça, quando não há nada para arrumar
O passado não passa de um esquecimento
Rodeado por muros de puro cimento
Tudo começou a ficar calmo demais
depois que me internaram na fazenda
Rastros de quem fui surgem em minha mente
quando acordo no meio da madrugada
e nenhum dos enfermeiros está por perto
Há um discurso em minha cabeça
Que tenta me convencer a fugir logo daqui
Não tenho mais a juventude a meu favor
Que possa justificar uma ou outra estupidez
Fios sem energia não vão me eletrocutar
Quero outra música para compor
Mesmo que ninguém possa escutar
Travo uma guerra silenciosa
Complexa e cheia de suspense
Tiros, bombas e aflição
De pensar que o tempo escorre pelas mãos
Depois que me internaram na fazenda.. RR
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