Um blog sobre minhas visões, enigmas que trago na mente, as coisas que eu escrevo e vivencio...minhas forças e fraquezas...verdades e inverdades madrugadas em claro e tudo mais...
sábado, 26 de janeiro de 2013
A Menina de Norfolk
Ela andava de pés descalços pelas ruas de pedra quente
esteve down no clube do largo azul dourado às sete horas
Ela não pretendia encontrar ninguém por lá
Era cedo e era frio e era feio se ver daquele jeito
Ela andava lépida numa festa da cidade de Norfolk
Eles não percebiam que podiam tê-la
Entrar e sair a tarde inteira
E noite à dentro
Entre doses de bebidas e pequenas quantidades de drogas
Parecia-lhe divertido, pois não podia se ver
Não podia se auto-analisar
Porque não desviava mais o olhar
Era tudo igual todos os dias
Eles não perceberiam
Que era só entrar e sair
Fazia uma bela primavera naquele ano
E não haviam planos na sua cabeça
Era só mais uma perdida
à procura de algo bem escondido
Que não fazia idéia do que era nem onde encontraria
Ela era uma criatura estranha
Moradora da casa sem número
que mantinha as portas sem chaves
Outro homem lá adiante não percebeu
que era só entrar e sair
Eles precisavam pagar pela sua diversão
Era de direito e era de bom gosto e era um bom cheiro
Que se sentia assim que se penetrava
Constantemente molhada, anestesiada
Não sabia realmente o que era o amor
Nem acreditava em Deus nenhum
Vivia porque alguma força a fazia prosseguir
sem importar o dia de amanhã
bastava beber, injetar, transar, dormir
Nas redondezas já se comentava
que era fácil entrar e sair
Percorreu cidades distintas de Nebraska até parar ali
Não conhecia ninguém que pudesse ajudar
Certo dia, esteve com um senhor esquisito na estação 02
ele dizia:
"Eles querem me levar pra lá de novo
e me dão o livro da capa preta
sustentam que é sagrado
e que é pecado não segui-lo
Eles estendem seus saquinhos
e o povo os enchem de dinheiro
Eles ajoelham e falam coisas sem sentido
E querem que eu entre e volte,
e faça como eles
Eles afogam-se em bacias d'agua
Eles gritam feito malucos
mas não se ouvem
e saem de lá e roubam e matam e mentem
E tudo isso não faz o mínimo sentido para mim...
Pedem que eu diga pra outras pessoas irem pra lá
Por isso estou te contando, pra te convidar pra visitar
Mas não é lá que vocÊ vai encontrar.."
Ela nunca foi e agora testava mais um
ganhava dinheiro e ganhava agulhas
e ganhava bebidas diferentes
da sua forma peculiar
Ela não sentia mais nada
O pouco virou mais e o mais começava a não bastar
Ela era tão bonita
E falava coisas inteligentes
nas poucas horas que se mantinha sóbria
Antes sorria, agora não dormia
E não fazia diferença o que pensava o resto do mundo
Ela queria só experimentar um pouco de tudo
Mas o Pouco virou mais e o mais começava a não bastar
Até o dia em que a estação mudaria
Quando a última estrela da noite sumia
e dois rapazes entraram pela porta da frente
No chão havia seringas, havia copos quebrados
Sentia-se um clima gelado
Na porta entreaberta do quarto
aparecia apenas um braço sobre a cama
lá dentro muito pó espalhado
Prateleiras desarrumadas
Um bilhete no espelho...
"Finalmente te encontrei...
Pena que tarde demais..."
Fim.. RR
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